Por Irmã Lucia Boniatti
Presidente da Associação Educadora São Carlos (AESC)
Acolher, cuidar da saúde, educar. Esta missão acompanha a Associação Educadora São Carlos (AESC) desde sua criação em 1962, em Caxias do Sul – à época, chamada Sociedade Educadora e Beneficente do Sul. Desde então, a população gaúcha viu serem concretizados importantes projetos em saúde, educação e responsabilidade social.
O ano é, portanto, de celebração dos 60 anos de uma importante jornada, que teve a semente de sua missão lançada no Brasil há mais de século, em 1895, com a chegada das Irmãs Missionárias de São Carlos Borromeo-Scalabrinianas ao país. No Estado, isso se deu em 1915, primeiro em municípios da Serra, onde a demanda por cuidado, educação e evangelização das famílias migrantes italianas e seus filhos, muitos deles órfãos, era maior.
Mas a presença das Irmãs cresceu e se expandiu para outras regiões. Surgiu então a possibilidade da criação da AESC como personalidade jurídica no Estado, trazendo para o RS um vínculo que era com a sede geral, em São Paulo.
Dentro desse percurso e no campo da saúde, o Hospital Mãe de Deus foi a primeira grande obra entregue à sociedade. Hoje, a AESC mantém também na Capital o Hospital Santa Ana e quatro Centros de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (CAPS AD). No litoral, os hospitais Santa Luzia, em Capão da Canoa, e Nossa Senhora dos Navegantes, em Torres.
Além disso, três colégios fazem parte da rede Educação Scalabriniana Integrada: São Carlos, em Caxias do Sul; Nossa Senhora de Lourdes, em Farroupilha; e São Carlos, em Santa Vitória do Palmar.
A atenção ao migrante, causa originária da Congregação, segue guiando as Irmãs. Seus valores permeiam a atuação de mais de 4 mil profissionais nestes estabelecimentos, bem como no Centro de Atendimento ao Migrante (CAM), referência nacional pela acolhida e integração de pessoas que vêm de dezenas de países a Caxias do Sul em busca de uma nova vida no Brasil.
Para a AESC, seu 60º aniversário não é o único motivo de celebração neste ano, pois em 2022 também é comemorado o 25º aniversário de beatificação de Dom João Batista Scalabrini. O fundador da Congregação, originada na Itália, no século 19, foi reconhecido pelo Papa João Paulo II como “Pai dos Migrantes”.
Em tempos de conflitos internacionais e desafios sanitários como a pandemia, é importante lembrarmos que acolher o outro, na figura de um migrante, é uma causa sempre atual.