Política de “Hospital Paperless” é resultado de investimento em tecnologia, inovação e mudança de cultura
Reduzir o consumo de papel no ambiente hospitalar é um grande desafio em termos de sustentabilidade ambiental na área da saúde. Para alcançar esse objetivo, são necessários muito planejamento, investimento em tecnologia, disposição para inovar e mudança de cultura, desde a gestão aos profissionais que atuam na linha de frente, na jornada que vai do acolhimento até o momento da alta hospitalar.
A Associação Educadora São Carlos (AESC), por meio do Hospital Santa Ana (HSA), em Porto Alegre, assumiu, em 2018, o desafio de adotar a política do “Hospital Paperless”, ou seja, eliminar ao máximo o uso de papel em suas rotinas. Atualmente, a redução é superior a 50% do volume de papel utilizado.
Durante o evento “O protagonismo do Hospital Santa Ana na política do Hospital Paperless”, realizado no último dia 6 de julho, a Diretoria informou que, em maio de 2022, o consumo foi de 68.000 folhas. Um ano depois, houve a redução para 33.500 folhas, o que corresponde a 51%. O mesmo comparativo, no mesmo de junho, mostra nova queda (veja no infográfico).
“Nesses dois meses mensurados, nossa economia foi de aproximadamente R$ 2.500,00, e a redução de impacto ambiental é correspondente a 8 árvores poupadas. A meta é que, em maio de 2024, se atinja a marca de 70% de eliminação de papel”, destaca a Andriza Campagner, coordenadora assistencial e a responsável técnica de Enfermagem do Hospital.
Antônio Carlos Gruber, diretor médico e responsável técnico do HSA, recorda o processo de produção do papel envolve uma série de custos e impactos econômicos e ambientais. “Para produzir papel, após o plantio, têm as etapas de corte e transporte das árvores, com uso de combustível fóssil nas máquinas e caminhões. Nas empresas que produzem o papel, é necessário grande volume de água e energia elétrica. Após o produto entregue, ainda há o cuidado com o descarte adequado do papel”, relembra.
Premissas tecnológicas para um hospital paperless
Para se chegar à fase atual de redução de consumo de papel nas rotinas hospitalares, houve a necessidade de investimento em infraestrutura tecnológica e capacitação de pessoas, visando a uma mudança de cultura junto aos colaboradores. Entre as premissas para a inauguração do Hospital Santa Ana, em agosto de 2018, foi atualizar e integrar o sistema online multiempresa contratado pela AESC para o segmento de saúde.
“Um dos grandes desafios assumidos para fazermos a checagem à beira do leito – uma consequência que leva ao conceito de hospital sem papel – era ter uma estrutura de internet sem fio corporativa de alta capacidade, que alcançasse todos os leitos. Outro, era a certificação digital. Isso impacta na prescrição e na auditoria digital. Todos os profissionais que fazem alguma prescrição para pacientes precisavam ter essa certificação. Havia muita burocracia à época. Outra questão era cultural. Muitos colaboradores desconheciam a tecnologia e precisaram se adequar à novidade”, assinala o então gerente de Tecnologia e Soluções da AESC, Fabrício Dhein.
Quanto às facilidades para aderir ao conceito hospital peperless, Dhein afirma que o fato de o Hospital Santa Ana ser 100% SUS, com ‘portas fechadas’, contribuiu muito. No caso de hospitais com atendimento por convênios, por exemplo, é necessária a negociação com cada operadora para adesão à política. Outro fator mencionado é o thin client, recurso tecnológico que facilita, para a equipe de TI, o controle e a atualização dos sistemas nos computadores internos de forma remota.
Um hospital diferenciado no Brasil
O Brasil conta com, aproximadamente, 7.200 hospitais das mais diversas categorias, incluindo privados, públicos ou com gestão realizada por instituições filantrópicas, como é o caso do Santa Ana. Destes, cerca de 400 têm informatização e integração entre sistemas e com o regulador do Poder Público. Em um novo refino, ao menos 100 unidades podem ser consideradas altamente tecnológicas, dentro os quais está o Hospital Santa Ana. “Se formos colocar nessa lista os hospitais que atendem 100% SUS que reúnem essas características, sejam operados diretamente pelo Estado ou por outras instituições, o Santa Ana está no topo”, finaliza Dhein.
Sobre o Hospital Santa Ana
Administrado pela Associação Educadora São Carlos (AESC), uma instituição da Congregação das Irmãs Missionárias de São Carlos Borromeo – Scalabrinianas, o Hospital Santa Ana integra o sistema de saúde da Prefeitura Municipal de Porto Alegre (PMPA). Fundado em 1º de agosto de 2018, está situado na Praça Simões Lopes Neto, 175, no Bairro Petrópolis, Zona Sul da Capital. Por meio de convênio com a Secretaria Municipal da Saúde (SMS/PMPA), o Hospital oferece serviços 100% gratuitos via Sistema Único de Saúde (SUS).
A unidade funciona como retaguarda para os hospitais da Capital que dispõem de serviços de alta complexidade pelo SUS, recebendo pacientes encaminhados por meio do Gerenciamento de Internações Hospitalares (Gerint) e Gerenciamento de Consultas (Gercon), sistemas da Prefeitura.
Estrutura física
O Hospital Santa Ana dispõe de:
- 100 Leitos de Longa Permanência
- 28 Leitos de Saúde Mental Feminina Adulto – Unidade São Rafael
- 28 Leitos de Saúde Mental Masculina Adulto
- 24 Leitos de Cuidado Giro Rápido
- 10 Leitos de UTI
- Centro Especializado em Reabilitação Auditiva e Intelectual (CER II)
- Centro de Diagnóstico por Imagem (CDI)