Irmã Domingas Resemini é formada em Enfermagem. Em sua missão pela Congregação das Irmãs Missionárias de São Carlos Borromeo-Scalabrinianas, esteve nos hospitais Mãe de Deus, em Porto Alegre, por 25 anos, no Santa Luzia, em Capão da Canoa, e, desde 2018, retornou à Capital e coordena a Pastoral da Saúde, no Hospital Santa Ana.

No local, leva diariamente uma palavra de acolhimento e carinho aos pacientes e funcionários. Faz o relacionamento do Hospital com a Paróquia Nossa Senhora da Saúde, no Bairro Teresópolis, com o padre Gilberto e os ministros da Sagrada Comunhão, recruta voluntários, cultiva o ecumenismo – respeitando as crenças dos pacientes –, promove celebrações em datas como Páscoa, Dia dos Avós (Santa Ana, nome do Hospital, era a avó de Jesus Cristo) e no Natal, entre outros.  A pandemia, porém, impôs uma interrupção nas suas atividades, no ano de 2020.

Irmã Domingas coordena na Pastoral da Saúde, no Hospital Santa Ana, mantido pela AESC / Foto: Comunicação Corporativa AESC


“O início da pandemia para mim também foi muito difícil. Chegou um momento em que não podia mais circular no hospital. Foi praticamente um ano que fiquei fora. Fique muito sentida, e até me emociono ao lembrar. Depois, fui elaborando, que realmente era necessário me proteger e aos pacientes. Com o tempo tudo se acalmou, fui vacinada e retornei ao serviço de Pastoral”.

“Nesse tempo distante recorri a Jesus Cristo, num momento de reflexão, de ajuda e muitas orações e emoções. Sempre pensei ‘vamos vencer’, rezando para que a vacina chegasse para nos proteger e aos outros, especialmente quem convive comigo. Preciso estar protegida para poder cuidar deles.”

A força que vem dos fundadores da Congregação

“Dom João Batista Scalabrini cuidava dos doentes, mas me sinto mais perto de Madre Assunta, com todo o cuidado dela. Isso me estimula, também, para ter força para cuidar de quem precisa”.

Importância da empatia

“Em 30 anos de Enfermagem, trabalhei 25 na área materno infantil. Sendo enfermeira, a gente sabe o quanto precisa se colocar no lugar do outro. Quando converso com os funcionários, eu digo “gente, se coloque no lugar do paciente e pense como gostariam de ser cuidados quando precisarem”.  Também é preciso se colocar no lugar do familiar, que passa por dificuldades, em especial quando um paciente está em fase terminal e a família não consegue elaborar.”

“É importante saber liberar, fazer a entrega. Assim, o paciente fica mais tranquilo e parte em paz. Por isso, faço questão de estar junto à família e orientar. Muitas vezes não há o que fazer. Ninguém quer perder ninguém. Muitas vezes temos de pedir perdão ao paciente em nome da família, para que ele também possa perdoar, a si e aos familiares.”

Significado de Humanização

“Humanização é se colocar no lugar do outro. Quando se faz um atendimento humanizado, a pessoa com que estamos é a principal naquele momento. Vou atender suas necessidades físicas, espirituais, psicológicas. Não posso fazer tudo, mas busco ajudar com outros profissionais.”

 

Madre Assunta

“Madre Assunta foi muito sensível, principalmente com os mais necessitados. Quanto bem ela fazia pelos órfãos e doentes! Queria sempre saber se todos estavam confortáveis à noite. Ela me inspira muito nesse sentido de ser forte, quando é necessário, de chorar com os que choram, e da dar conforto a quem precisa. Eu a vejo inspiradora, sensível, amorosa com todos.”

“Aqui no Santa Ana, em atendimento pelo SUS, temos as pessoas que mais precisam, que não têm acesso a outros meios, e muitas vezes estão carentes de tudo. De tudo. Cada um abre seu coração quando conversa comigo. Às vezes, há histórias de desvios de caminho, de arrependimento, e o desejo de mudar.”

“Sou apaixonada por esse trabalho aqui, e fico enquanto “Papai do Céu” quiser.”

Voltando às Origens

A AESC conta com o projeto institucional Voltando às Origens, que tem como objetivo aproximar profissionais, em especial as lideranças, do propósito vivo da instituição: o acolhimento. A iniciativa valoriza a criação, o desenvolvimento e a missão centenária da Congregação das Irmãs Missionárias de São Carlos Borromeo-Scalabrinianas, responsável pela condução da AESC. A fundação da Congregação ocorreu em Piacenza, na Itália, em 1895, e deste então se faz presente no Brasil.

Dentre as atividades do Voltando às Origens, existe o projeto principal, que inclui visitas ao Instituto São Carlos, sede da mantenedora, e ao Centro de Atendimento ao Migrante, ambos em Caxias do Sul (RS). Como ações complementares, estão conteúdos que aproximam os cerca de 4 mil profissionais da AESC do cotidiano e da história das Irmãs Scalabrinianas que atuam nas unidades de Saúde, Educação e Responsabilidade Social, em 6 cidades do Rio Grande do Sul. A “Conversa Acolhedora” é uma dessas ações, assim como a Missão Itinerante: legados de Madre Assunta.  

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