O Hospital Santa Ana (HSA), mantido pela Associação Educadora São Carlos (AESC), abriu o seu calendário de eventos deste ano, no dia 13 de janeiro, promovendo uma palestra com o tema Cuidados Paliativos, ministrada pelo dr. Rodrigo Kappel Castilho, médico intensivista nos hospitais de Clínicas de Porto Alegre e Moinhos de Vento. A ação, voltada aos profissionais que atuam no HSA, ocorreu em formato híbrido, presencial e com transmissão ao vivo pela internet, e reforçou a importância da assistência voltada à qualidade de vida de pacientes que necessitam de cuidados prolongados.

A oportunidade marcou o lançamento do Protocolo Assistencial de Cuidados Paliativos do Hospital Santa Ana, desenvolvido de forma conjunta pela equipe assistencial, com liderança do dr. Diego Silva Leite Nunes, coordenador médico da Equipe Multiprofissional de Terapia Nutricional do HSA.

A partir da esquerda: Dr. Diego Nunes (HSA), Dra. Bianca Faraco (HSA), Enf. Cristina Pereira (HSA) e o palestrante Dr. Rodrigo Kappel Castilho / Foto: Divulgação HSA

Em sua apresentação, Castilho se propôs a esclarecer conceitos e derrubar mitos que se tornam senso comum na abordagem de cuidados paliativos. Apoiado na definição da Organização Mundial da Saúde, atualizada em 2002, enfatizou a importância do apoio ao paciente para viver o mais ativamente possível. “A definição da OMS vem da Oncologia e não fala de morte, de finitude, de algo que impeça a pessoa de viver. Não se pretende apressar a morte, e não tem a ver com eutanásia ou levar angústia ao paciente e à família. Temos que trabalhar para que a pessoa não perca sua autonomia apenas por estar mais idosa ou com alguma limitação”, asseverou o médico, responsável pela Direção Científica da Academia Brasileira de Cuidados Paliativos para o período 2021/2022.    

Cuidados Paliativos consistem na assistência promovida por uma equipe multidisciplinar, que objetiva a melhoria da qualidade de vida do paciente e seus familiares, diante de uma doença que ameace a vida, por meio da prevenção e alívio do sofrimento, por meio de identificação precoce, avaliação impecável e tratamento de dor e demais sintomas físicos, sociais, psicológicos e espirituais.

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE (OMS)


Proteção, sensibilidade e compaixão

Para compreender uma palavra, é importante conhecer sua origem. “Paliativo vem do Latim Pallium, que significa cobrir com manto, algo que protegia cavaleiros, traz a ideia de proteção”, expôs Castilho. Para ele, essa ideia está associada ao apoio, à sensibilidade e à compaixão. “Precisamos oferecer um sistema de apoio ao paciente para viver o mais ativamente possível, extensivo à família, para lidar com a doença e com seu próprio luto. Às vezes, o familiar sofre mais que o paciente”. Ele recorda que muito do sofrimento decorre da fragilidade emocional ou de crenças religiosas.


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Atenção interdisciplinar

Castilho também defende que o paciente deve ser trabalhado de forma interdisciplinar ou transdisciplinar. “O cuidado paliativo sozinho não faz sentido, deve ter acompanhamento do médico de referência e com sua equipe. É preciso pensar em equipe”. O médico acredita na individualização do atendimento, com atenção plena às necessidades de cada pessoa. Além de qualificar o tratamento, isso tem impactos positivos do ponto de vista de econômico. “Se a gente tratar bem o paciente é muito mais barato, é muito mais humano e tem melhores resultados”. Ele mencionou um estudo da Food and Drug Administration (FDA), agência reguladora ligada ao departamento de saúde do governo norte-americano, que aprovou 92 drogas em 16 anos e a média de vida aumentou em apenas 2%. “Sem cuidados paliativos, muitos tratamentos não funcionam”.

É preciso escutar o paciente

Ao final de sua fala, Castilho resgatou a importância de se ouvir o paciente, valorizar o que pensa e o que sente. Esse tema também foi levantado nas perguntas posteriores à palestra, quando os profissionais do HSA destacaram que nem sempre o profissional de saúde, apesar do estudo e da experiência, detém todos os conhecimentos, sendo necessária humildade e empatia para oferecer o melhor atendimento.

 

Questionado sobre o desgaste dos profissionais envolvidos com pacientes que requerem cuidados prolongados, bem como a motivação na atuação diária, respondeu que “o cuidado paliativo tem menos burnout do que os intensivistas. O stress da compaixão ocorre por se colocar no lugar do outro o tempo todo. É importante sentir-se realizado com o cuidado. Também existem momentos de atenção à saúde de quem trabalha com pacientes que exigem cuidados paliativos”, finalizou.

Assista à palestra completa no canal da AESC no YouTube: 


Sobre o Hospital Santa Ana

O Hospital Santa Ana (HSA) é voltado à recuperação e ao tratamento de pacientes clínicos encaminhados por meio de regulação da Secretaria Municipal da Saúde, motivo pelo qual não possui urgência nem emergência. Todos os atendimentos são destinados aos pacientes do SUS. O Hospital recebe, em seus 203 leitos, pacientes provenientes de hospitais de alta complexidade da Capital, além das UPAs e Pronto Atendimentos de Porto Alegre.

O HSA integra a AESC, que também mantém os hospitais Mãe de Deus, em Porto Alegre, Santa Luzia, em Capão da Canoa, e Nossa Senhora dos Navegantes, em Torres. A mantenedora conta, ainda, com quatro CAPS AD em Porto Alegre,  incluindo o único CAPS AD nível IV do Brasil, com atendimento psiquiátrico 24h; os colégios São Carlos, em Caxias do Sul, Nossa Senhora de Lourdes, em Farroupilha, e São Carlos, em Santa Vitória do Palmar; além do Centro de Atendimento ao Migrante, em Caxias do Sul.

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